Primeiro, confira nosso papo com Geraldo Búrigo, especialista em ETFs

Chegou a hora de expandir a conversa com a nossa primeira entrevista!

Geraldo Búrigo é uma das principais vozes nas redes sociais quando o assunto é ETF. A tudoETF bateu um papo com o engenheiro que virou especialista em investimentos.

Você vai descobrir, entre outras coisas:

  • O que mais de 130 clientes ensinaram a ele;
  • Quais as vantagens dos tão falados ETFs irlandeses;
  • Por que assessores não costumam recomendar ETFs.

Clique e leia a entrevista completa ↗️

O passo importante que a BlackRock deu

Para muita gente, a BlackRock dispensa apresentações, mas nós preferimos chover no molhado do que deixar você no escuro: fundada em 1988, ela é a maior gestora de recursos do mundo, com diferentes produtos em seu portfólio.

No mercado de ETFs, ela é a medalha de ouro entre as gestoras apelidadas como "Big Three": BlackRock, Vanguard e State Street.

Só que além de ETFs, a BlackRock também oferece mutual funds, o equivalente no Brasil aos nossos fundos tradicionais. Na semana passada, ela deu um passo importante: pela primeira vez, a gestora transformou um de seus fundos em ETF, como reportou o MarketWatch. O fundo BlackRock International Dividend Fund virou o ETF BIDD.

Por quê? Porque é isso que os investidores querem.

Rachel Aguirre, da BlackRock, comentou que os investidores têm demonstrado um apetite maior pelo produto por conta do baixo custo, da transparência diária da cotação e da possibilidade de comprar e vender facilmente através da bolsa.

(Alguém avisa os brasileiros ainda presos nos 2% de gestão e 20% de performance dos fundos tradicionais?)

O fundo original tinha uma taxa entre 0,61% e 1,65%, dependendo da classe escolhida pelo investidor no fundo. A sua versão em ETF ficará com o custo de 0,61%, beneficiando os investidores que antes pagavam mais.

Apesar de ser sua primeira conversão de fundo para ETF, a BlackRock não inventou moda: gestoras como a PIMCO e a First Trust já fizeram movimentos parecidos.

Quando a gente acha que os EUA atingiram a maturidade no mercado de capitais, a gente descobre que eles sempre podem nos surpreender – e torce para que o nosso mercado por aqui avance na mesma velocidade.

Por que ETFs temáticos são controversos?

Os nossos leitores fiéis devem se lembrar quando comentamos sobre os diferentes fundos de índice americanos focados no setor hidráulico. ETFs assim são chamados de “temáticos” por concentrarem sua alocação em um segmento ou em uma tese específicos.

E se a memória for boa, também vão se lembrar que comentamos que ETFs temáticos dividem opiniões.

A ideia de um ETF temático soa interessante: se o mundo todo só fala de inteligência artificial, por exemplo, por que não investir em um ETF com esta temática?

Mas a realidade não é tão simples assim.

Analisando o mercado americano, a Reuters reportou que os ETFs temáticos chegaram ao terceiro ano consecutivo de saques superando aportes, perdendo US$ 5,8 bi em 2024 até agora.

Além disso, a média da taxa de gestão dos ETFs temáticos nos EUA é de 0,62%, acima da média do mercado, de 0,49%, e muito acima de ETFs de S&P 500, por exemplo, que podem custar apenas 0,02%.

Entre os ETFs temáticos mais populares está o ARKK, da Cathie Wood, cuja gestão busca exposição em empresas de tecnologia disruptiva, inovação, pesquisa em DNA, inteligência artificial e tudo que parece soar como o "futuro".

Com patrimônio de US$ 6,4 bi, o ETF já acumula US$ 2,6 bi de saques no ano. O fundo ficou no vermelho várias vezes em 2024, com uma recuperação recente que levou a rentabilidade a 12,3% no ano.

Como a matéria da Reuters aponta, o otimismo em relação a ETFs temáticos pode voltar caso ETFs de grandes índices deixem de entregar boa rentabilidade.

A natureza de um ETF temático pode ser tanto o motivo do seu sucesso quanto do seu fracasso: ao se expor a uma tese específica, ele pode ajudar o investidor a diversificar seu patrimônio e ao mesmo tempo gerar retorno a partir de setores de crescimento. Da mesma forma, a alocação concentrada pode levar a uma correlação alta entre os ativos que compõem sua cesta — o que pode ser catastrófico em momentos de queda.

A diferença entre o remédio e o veneno está na dose.

Recomendação de investimento (do seu tempo)

Na edição de hoje, inspirados pelo papo que tivemos com Geraldo Búrigo, deixamos a dica do livro A Psicologia Financeira, escrito por Morgan Housel.

Humanos são seres que, hora ou outra, são movidos pela emoção. E, ao investir, é impossível simplesmente desligar esse aspecto. Através de exemplos bons e ruins, Housel nos ensina a conciliar razão e emoção para que a gente possa investir e lidar com dinheiro para aquilo que ele realmente serve: nos trazer bem-estar e felicidade.

Para os fluentes em inglês, o Collab Fund, blog em que Morgan Housel contribui, também é leitura essencial. Salva nos favoritos e dê uma olhadinha de tempos em tempos.