O cenário econômico global passa por uma reconfiguração estrutural. Após anos de aperto monetário para conter a inflação pós-pandemia e os efeitos da guerra na Ucrânia, as grandes economias começam a sinalizar uma nova etapa: o afrouxamento dos juros.
No centro desse movimento está o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. No encontro anual em Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Fed, adotou um tom cauteloso, reconhecendo, de um lado, a inflação ainda pressionada por tarifas, e, por outro, o enfraquecimento do mercado de trabalho estadunidense. A leitura predominante no mercado foi clara: o ciclo de cortes pode começar já em setembro.
Desde então os dados da economia dos EUA confirmaram a estimativa do mercado para esse início de ciclo: o payroll de agosto trouxe apenas +22 mil vagas, com revisões negativas e desemprego em 4,3%, o maior nível desde 2021. Os dados de inflação vieram abaixo do esperado, fazendo inclusive com que já apareçam algumas estimativas de mais cortes ainda em 2025.
Esse pano de fundo é fundamental para entender não apenas a trajetória das taxas de juros globais, mas também o papel dos ativos de proteção nas carteiras.
Em momentos de transição, o investidor busca refúgios seguros, ativos que ofereçam previsibilidade e proteção contra cenários adversos. Tradicionalmente, porém, essa proteção tem um custo: é como pagar o prêmio de um seguro. Mas, além desses momentos, os títulos pré-fixados podem oferecer oportunidades interessantes, uma vez que tendem a se valorizar em ciclos de afrouxamento monetário.
É exatamente aqui que entra a inovação do ETF T10R11. Ao oferecer exposição aos Treasuries de 10 anos dos EUA, hedgeado para reais, ele entrega ao investidor brasileiro a possibilidade de acessar o ativo mais seguro do mundo sem estar sujeito à volatilidade cambial. Mais do que isso, o produto inverte a lógica tradicional do seguro.
Normalmente, proteção significa custo. No caso do T10R11, o investidor recebe para carregar esse “seguro”. O diferencial de juros entre Brasil e EUA é historicamente positivo e atualmente está acima de 10% ao ano, transformando-se em rentabilidade adicional e somando-se aos juros pagos pelos próprios títulos americanos.
Num mundo em transição, em que bancos centrais caminham em direções distintas e incertezas políticas seguem no radar, a busca por ativos de qualidade e previsibilidade ganha ainda mais valor.
E aí nasce um debate interessante que abordaremos na próxima coluna: um ETF que tem exposição cambial é melhor ou pior do que aquele que não tem? Enquanto isso, você pode explorar o comportamento de índices e ETFs por meio do simulador de portfólios que criamos na Itaú Asset Management.