Para começo de conversa…

🧠 “Os ETFs deveriam estar na carteira de todo investidor”: Nubank, Itaú e CVM refletem sobre o que falta para o ETF convencer o brasileiro. Confira a cobertura do papo no Valor Investe.

🤔 Ainda na dúvida do que fazer com a Selic em 15%? Releia a opinião do nosso colunista, Renato Eid, desde o último aumento da taxa.

🗺️ Como o investidor de ETF está reagindo aos conflitos no Oriente Médio? Matt Bartolini, diretor da State Street, comenta os movimentos de curto prazo para a CNBC (em inglês).

O “Investidor Sardinha” lançou um ETF

Você provavelmente já ouviu falar em Raul Sena, o investidor goiano que desde 2012 usa a alcunha "investidor sardinha" (associada ao investidor de pequeno porte) para construir sua legião de seguidores.

O tempo passou e, em sua trajetória, Raul lançou a AUVP, uma mistura de escola de investimentos e consultoria. A mais recente novidade do empreendedor é o AUVP11, um ETF com gestão do BTG Pactual, taxa anual de 0,75% e exposição à bolsa brasileira.

Em texto publicado pela Funds Society, Sena comenta: “o crescimento do mercado de ETFs no Brasil mostra que o investidor está cada vez mais aberto a essas soluções práticas e que ajudam muito a diversificar a carteira”.

A metodologia do novo ETF

Segundo o material disponibilizado pelo BTG, o índice do ETF, criado junto à Teva, torna o AUVP11 o “primeiro ETF brasileiro com base 100% fundamentalista”.

Na prática, a exposição à bolsa brasileira segue uma lista de critérios para a escolha das ações, entre eles o lucro líquido positivo nos cinco anos anteriores ao rebalanceamento e um ROE (retorno sobre patrimônio líquido) acima de 10% nos últimos 12 meses. Além disso, há a exclusão de setores como varejo, proteína animal e transporte aéreo.

Você pode conferir todos os critérios de seleção do AUVP11 abaixo:

Fonte: BTG Pactual

Em negociação, mas não sem críticas

Apesar da alta demanda que o ETF registrou nas primeiras horas de negociação, fazendo Raul Sena pedir aos seus seguidores para não enviarem ordens de compra acima de R$ 100 temporariamente, o AUVP11 também recebeu sua dose de críticas.

Consultor e analista CNPI, Geraldo Búrigo expressou algumas das suas preocupações com o novo produto. Você pode clicar e conferir a thread, mas resumimos aqui alguns dos pontos:

"Normalmente para criar um índice que busca se expor a estratégias específicas, como por exemplo, empresas de qualidade, é criado um 'score' para cada métrica fundamentalista, e com base nesse score, é selecionado um percentil de empresas com a maior pontuação.

No caso do AUVP11 são utilizados números absolutos, ou seja, uma empresa com um ROE de 9,9% não irá fazer parte do índice e uma empresa com ROE de 10,1% irá fazer parte? Achei no mínimo estranho. O problema é que isso pode acabar criando distorções ou concentrando o índice numa determinada empresa e setor."

Búrigo não foi o único a criticar a composição do ETF. Outro alvo de críticas nas redes sociais foi a concentração setorial que a metodologia causou: as quatro maiores posições do fundo são Itaúsa (13,1%), Itaú Unibanco (11,8%), Banco do Brasil (11,63%) e Banco Bradesco (11,43%).

"O índice foi criado pra gerar lucro, não pra ganhar curtida."

Em resposta às críticas, Sena se posicionou no dia seguinte ao lançamento. Segundo ele, em nenhum momento o índice diz que "bancos têm prioridade". Listando os critérios do diagrama publicado acima, ele comenta:

"Se a maioria que passa por isso são bancos, a culpa é do Brasil, não do índice. O índice foi criado pra gerar lucro, não pra ganhar curtida. Não é 'olha como somos bonitinhos'. Com a mesma regra num mercado mais desenvolvido, sairia bem mais diversificado."

A thread completa no X você pode conferir aqui.

BlackRock enfim coloca os dois pés no Brasil

A maior gestora global de fundos de índice colocou o pé no acelerador para garantir sua relevância no Brasil também. Neste conteúdo do Neofeed, você pode conferir as diversas ações institucionais que a BlackRock vem criando desde a recente chegada de Bruno Barino, o atual CEO da companhia na operação brasileira.

Por aqui, foco em duas coisas: os novos ETFs da casa e a visão de Barino sobre quem vai "puxar a onda" para o crescimento de adesão aos ETFs no Brasil.

Os novos fundos da BlackRock

Lançados nesta segunda-feira (30), o EWBZ11 e o CAPE11 são os primeiros fundos da BlackRock na B3 em 11 anos, segundo o Neofeed. Vale lembrar que o maior ETF de Ibovespa do Brasil, o BOVA11, é da BlackRock também. Com índices da B3, os novos ETFs também focam na bolsa brasileira.

O EWBZ11 replica o Bovespa BR+ Equal Weight B3, índice que abrange as empresas do Ibovespa mais os BDRs de empresas brasileiras listadas no exterior, aplicando o corte de peso: seja o BDR da PagSeguro ou a combinação das ações preferenciais e ordinárias da Petrobras, todas as empresas têm cerca de 1% de exposição.

O CAPE11, seguindo o índice Bovespa BR+ 5% Cap B3, compartilha com o ETF anterior a exposição ao Ibovespa + BDRs de empresas brasileiras listadas lá fora, mas permite maiores variações nos pesos de empresas, com o limite de 5%.

A InfoMoney ajuda a entender o CAPE11: “Barino cita como exemplo um ativo fictício que tenha um peso de 30%; neste índice, ele vai virar 5%, e o que sobrar (25%), vai para o ativo seguinte, que também vai virar 5%. Nesta dinâmica, os pesos vão se distribuindo, respeitando o limite de exposição”.

Além dos ETFs, a BlackRock pretende lançar mais 20 BDRs de ETFs estrangeiros na B3 ainda neste ano, segundo o InvestNews.

O fee-based pode ser a resposta

Mesmo em um mar de lançamentos, a reportagem do Neofeed ressalta que desde 2011 há uma estagnação em volume patrimonial e número de investidores brasileiros em ETFs.

Barino vê que a virada de chave pode partir do investidor pessoa física, em especial com a mudança nos modelos de remuneração dos assessores que atendem os brasileiros.

Desde o ano passado, a CVM colocou em vigor a resolução n° 179, que exige mais transparência quanto ao comissionamento e empurra o mercado cada vez mais para o modelo fee-based, onde o ganho não vem da comissão, mas de uma porcentagem do patrimônio do cliente.

E como ETFs fazem parte de uma cadeia de recomendações mais transparente (sem pagamento de rebate, por exemplo), eles naturalmente passam a entrar no radar dos assessores.

Ouro e Bitcoin: duas gestoras se unem para lançar um ETF

Volatilidade e estabilidade combinam? A tese da Hashdex e da Buena Vista Capital diz que sim. O ETF GBTC11 começará a ser negociado apenas no fim de julho, mas as duas gestoras já divulgaram os detalhes do novo produto.

O índice por trás do ETF é o FTSE Bitcoin and Gold Risk Weighted, que ajusta sua exposição mensalmente. Segundo o portal da Nord, a estratégia do índice é aumentar a exposição em ouro em momentos de alta oscilação do Bitcoin e vice-versa. No final de maio, isso significava uma carteira composta por 33,7% de Bitcoin e 66,3% em ouro.

Em simulação feita pela Hashdex, a volatilidade do Bitcoin mostra como o ouro tende a predominar na alocação do índice:

Fonte: Hashdex. Reprodução: Nord

Em matéria do Valor, Henry Oyama, diretor de estratégia da Hashdex, comentou que o ouro é reconhecido por sua “resiliência em ciclos econômicos adversos", enquanto o Bitcoin "tem apresentado grande crescimento e aceitação global”.

Todo mundo já aceitou o Bitcoin? Não este ganhador do Nobel

O fluxo de capital para o Bitcoin tem dado uma credibilidade inédita à criptomoeda. A própria BlackRock (gestora do maior ETF de Bitcoin do mundo, o IBIT) destacou a adoção institucional do ativo. Na mesma coletiva de imprensa da seção anterior, Barino declarou que “vocês iam ficar surpresos com o número de Bitcoin que existe na tesouraria dos bancos”.

Há quem, ainda, se oponha à moeda digital. O economista (e ganhador do Nobel) Eugene Fama é considerado "pai" da hipótese do mercado eficiente, que sustenta grande parte da argumentação a favor do investimentos em ETFs, já que a tese sustenta o seguinte:

“Um agente não consegue alcançar consistentemente retornos superiores à média do mercado (com um determinado nível de risco), considerando as informações publicamente disponíveis no momento em que o investimento é feito.”

No início de 2025, o pesquisador se posicionou em relação ao Bitcoin: "vai colapsar em 10 anos". Para Fama, as crenças em relação ao Bitcoin, como a substituição do sistema tradicional e o uso como reserva de valor caem por terra perante a capacidade computacional insustentável do blockchain e à especulação e consequente volatilidade em cima da moeda.

Certo? Errado? Só o tempo dirá. Nos últimos cinco anos, o Bitcoin valorizou 1080%.