A conquista recente do Google em um tema difícil de explicar…

Precisamos admitir: a redação da tudoETF não é composta por ganhadores do Nobel de Física. Pode ser um choque para alguns, sabemos, mas esse disclaimer é importante para que você entenda que vamos simplificar um assunto altamente complexo.

Brincadeiras à parte, vamos lá: a física quântica (também chamada de mecânica quântica) lida com o comportamento das partículas menores que um átomo. E se um átomo é 1 bilhão de vezes menor do que uma laranja, estamos falando de partículas realmente pequenas.

Da física quântica, derivam estudos interessantíssimos e que podem revolucionar nossa vida em diferentes esferas. Um deles é a computação quântica: enquanto a computação clássica (essa que eu e você estamos usando agora para navegar na internet) lida com zeros e uns para armazenar informação, o "bit" da computação quântica permite a superposição de mais de um estado ao mesmo tempo.

Por que isso importa? Porque o Willow (esse aí da imagem acima), o chip quântico que o Google usa para suas pesquisas na área, recentemente computou em cinco minutos um problema que o melhor computador do mundo levaria 10 septilhões de anos (mente nenhuma é capaz de entender a proporção desse número, mas, para comparação, o universo em si tem "apenas" 13,8 bilhões de anos).

"Incrível. Onde eu compro? Meu celular anda meio lento."

Esse é um dos desafios da computação quântica — enquanto as conquistas na área são sempre animadoras, ainda não existem aplicações no mundo real. Mas isso não significa que o mercado já não esteja de olho na computação quântica há uns bons anos.

Uma pesquisa do Boston Consulting Group de julho estimou que a tecnologia será responsável por movimentar entre US$ 450 bi e US$ 850 bi em 2040. Olhando para o retrovisor, só no ano passado, empresas ligadas ao setor captaram US$ 1,2 bilhão através de venture capital para ganhar fôlego em suas pesquisas.

E os ETFs?

Entre os fundos temáticos no assunto, quem ganha destaque a cada novidade como essa é o QTUM, ETF lançado em 2018. Gerido pela Defiance e com retorno de 50,38% nos últimos 12 meses, ele segue o índice BlueStar Quantum Computing and Machine Learning Index, acompanhando 71 ações globais de empresas envolvidas nessa próxima fronteira tech.

Para um fundo com pouco mais de US$ 500 milhões sob gestão, a recente injeção de US$ 80 milhões registrada no mês passado, segundo a Trackinsight, mostra um pouco do apetite do mercado pelo assunto.

Um índice é uma lista de ingredientes?

Aproveitando o clima natalino, por que não usar uma analogia com comida (sem apelar para a piadinha do pavê) para explicar uma dúvida comum que investidores de primeira viagem podem ter ao se deparar com ETFs.

Os índices são essenciais para a composição de um ETF. A forma mais simples de explicar um índice é descrevê-lo como uma cesta de itens capaz de representar alguma coisa — seja uma bolsa de valores inteira, uma geografia, um segmento específico da indústria, uma temática (inteligência artificial, cripto, ouro) e assim por diante.

E por mais que o índice em um ETF permita que você aproveite a eficiência e os baixos custos da estratégia passiva, isso não pressupõe inércia na cozinha dos índices.

A "cesta" do índice não é como uma receita de maionese passada de geração em geração em uma família, em que os ingredientes e suas quantidades sempre funcionam.

Sua lógica está mais próxima de um conjunto de regras que garante que o propósito inicial do índice esteja afinado. E essas regras permitem mudanças táticas nos ingredientes.

Vamos olhar para o nosso principal índice de ações brasileiro, o Ibovespa, para exemplificar.

Com mais de 50 anos de história, o Ibovespa tem o papel de ser um indicador que acompanha as principais ações negociadas na bolsa brasileira e, por isso, carrega também o peso de representar o mercado de ações do Brasil. É ele que simplifica a manchete no noticiário quando você ouve "a bolsa fechou bem" ou "a bolsa caiu tantos por cento".

O Ibovespa é revisado a cada quatro meses para que sua cesta corresponda a uma série de regras claras, muitas delas buscando a garantia de liquidez dos seus ativos. A metodologia completa pode ser consultada aqui, mas algumas das exigências incluem que o papel tenha representado 0,1% ou mais das negociações no mercado à vista no trimestre anterior e que ele não seja uma “penny stock”: a ação precisa valer pelo menos R$ 1,00.

Outro item que vale mencionar é que a empresa por trás de uma ação do Ibov não pode estar em situação de recuperação judicial. Quando a Americanas teve seu pedido de recuperação aceito pela Justiça no começo de 2023, não tardou para que a B3 anunciasse a exclusão do papel AMER3 do Ibovespa.

E para 2025?

Já temos alguns spoilers da próxima temporada do Ibovespa (afinal, a B3 divulga sua decisão em três prévias, preparando o mercado e os investidores para as mudanças): com a segunda prévia divulgada no último dia 16, o índice aponta para a possível entrada da Marcopolo e a saída das ações das Alpargatas e da Eztec.

Lista fechada? Ainda não. A terceira prévia será publicada no dia 2 de janeiro e a composição definitiva vigora na segunda-feira seguinte, dia 6.

Ano que vem a gente atualiza você.

Recomendação de investimento (do seu tempo)

Há quem lembre como se fosse ontem. Há quem leia a tudoETF e nem era nascido na época.

Cartaz oficial  do documentário

O confisco brasileiro que marcou o começo da gestão presidencial de Fernando Collor em 1990 é um dos episódios mais emblemáticos e controversos da história brasileira sob o ponto de vista da política econômica.

E a HBO, em 2021, lançou Confisco, um documentário sobre o tema disponível para assistir no Max.

Com a cobertura midiática da época somada e entrevistas recentes (incluindo cidadãos impactados e peças-chave do projeto, como a ex-Ministra da Economia Zélia Cardoso e sua equipe), “Confisco” ajuda a entender como uma medida para frear a inflação levou ao congelamento por 18 meses de parte do patrimônio de diversos brasileiros — e a uma queda de mais de 4% no PIB.