Você está em um bar e comenta que quer investir na bolsa americana.
Por sorte, você tem dois amigos na mesa que já superaram o stock picking (acreditar na sorte de achar a ação certa, na hora certa, e garantir a galinha dos ovos de ouro na carteira), então você não ouvirá dicas quentes de “aposte tudo na Nvidia” ou “compre Tesla e esqueça”.
Os dois amigos sugerem que você comece a investir em um ETF. E, para facilitar, que faça isso pela bolsa brasileira mesmo. O problema é que um deles sugere que você escolha um ETF de S&P 500 e o outro é um fã incontornável do Nasdaq 100.
S&P 500 e Nasdaq 100 são índices altamente populares e servem de referência não só para ETFs mundo afora, mas para fundos de investimentos tradicionais e também como termômetros da economia americana refletida na bolsa.
O 500 do S&P 500 significa que o índice se expõe a quinhentas das maiores ações nas bolsas americanas, estejam elas listadas na NYSE, na Nasdaq ou na bolsa de Chicago. O Nasdaq 100 é um recorte das cem maiores empresas listadas apenas na Nasdaq e sem as companhias do setor financeiro.
Aqui, você já deve notar que há semelhanças e diferenças na composição dos índices. Felizmente, a Nasdaq deixou pronto esse gráfico para você entender como cada índice está distribuído em relação aos setores da economia.
Os dois índices atribuem diferentes pesos a diferentes companhias (a mesma regra é usada no Ibovespa). Quando olhamos para as empresas de maior representatividade, vemos nomes como Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet (Google), Tesla e Meta no top 10 das duas.
“Mas se o S&P 500 tem mais empresas, se expõe a mais bolsas e inclui mais setores da economia, por que alguém defenderia o Nasdaq 100?”
Talvez porque a performance passada (que não é sinônimo de performance futura) do Nasdaq 100 tenha se destacado positivamente do S&P 500 nos últimos anos.
Pela B3, você pode acessar o S&P 500 através dos ETFs IVVB11, da BlackRock, SPXI11, do Itaú, e SPXB11, do BTG. Esses três fundos entregam o retorno do índice junto à variação cambial e tiveram um retorno semelhante de cerca de 58% em 2024.
Recentemente, o Itaú lançou o SPXR11, que tira a variação cambial da equação. Para entender o que isso significa e se faz sentido para você, recomendamos a leitura deste artigo.
Já o Nasdaq 100 está disponível pelo ETF NASD11, da XP, que rendeu mais de 59% no ano passado. Vale a menção de outro lançamento recente: no meio do ano passado, a Buena Vista Capital criou o QQQI11, que acompanha o índice e paga dividendos mensais.
Ou seja: opções não faltam e, cada vez mais, os ETFs brasileiros de bolsa americana também se diversificam em estratégia.
O que levar em conta, então, na hora de escolher?
O Nasdaq 100 não supera o S&P 500 por acaso: sua alta concentração em empresas tech fez sua performance se destacar nos últimos anos. O contrário também é verdade: quando a bolha da internet estourou no começo do milênio, o Nasdaq 100 sofreu uma correção de 38% e o S&P 500 de 23%. A própria Nasdaq aponta que a volatilidade do índice é maior em comparação com o S&P 500.
A decisão precisa estar alinhada ao seu perfil de risco e ao objetivo: a volatilidade do Nasdaq 100 não precisa ser um palavrão se você tem resiliência para assumir mais risco em troca de mais retorno. Por outro lado, a amplitude do S&P 500 garante mais diversificação.
Apesar do nome esquisito, uma debênture não precisa ser difícil de entender: ela é uma forma de empresas privadas conquistarem mais capital emitindo um título de dívida.
Como outros títulos de renda fixa, o investidor recebe ao final do prazo o retorno combinado, seja ele prefixado, pós-fixado, híbrido ou, nesse caso, até mesmo ações da própria companhia.
O ano passado foi um ano emblemático para as debêntures: segundo a Quantum Finance, em artigo da Infomoney, as emissões superaram o acumulado de 2023 só no primeiro semestre de 2024. Foi um aumento de 88% e um volume de R$ 138 bi no ano.
O artigo explica a disparada das debêntures pela combinação de fatores que formaram uma "tempestade perfeita": outros títulos de dívida (CRI, CRA, LCI e LCA) passaram a ter maiores restrições, levando empresas a buscarem capital via debêntures. A Selic em trajetória de alta também contribuiu para a renda fixa como um todo, dando um gás para o crédito privado.
Lançado em 2022, o DEBB11 é o primeiro e por enquanto único ETF brasileiro de crédito privado, expondo o investidor ao mercado de debêntures. Lançado pelo BTG e com índice criado pela Teva, o ETF rendeu 11,4% em 2024.
O índice do fundo acompanha uma carteira com 90% de debêntures e 10% de Tesouro Selic. Há diversos critérios para a seleção dos títulos, como a escolha de debêntures com valor de emissão superior a R$ 300 milhões. As regras completas a Teva explica aqui.
O Valor sinalizou no começo do ano que as incertezas fiscais têm feito os bancos de investimentos recomendarem cautela às companhias interessadas nas emissões. A Selic em alta aquece a renda fixa, mas também exige a oferta de prêmios ainda maiores para que o investidor conservador não fique somente no Tesouro.