Imagine se você pudesse investir no "Brasil real" — aquele que você usa todos os dias quando paga com o Nubank, compra no Mercado Livre ou negocia pela XP. Agora imagine descobrir que, até pouco tempo atrás, essas empresas simplesmente não existiam no principal índice da bolsa brasileira. Parece estranho? Pois é exatamente isso que acontecia.
Por décadas, o Ibovespa foi nosso termômetro do mercado financeiro brasileiro. Mas algo não batia: empresas que movimentam bilhões no país e fazem parte do cotidiano de milhões de brasileiros ficavam de fora da conta. O motivo? Elas escolheram listar suas ações diretamente nos Estados Unidos, desaparecendo do radar do índice tradicional.
Foi para resolver essa distorção que a B3 criou o Ibovespa B3 BR+ (IBBR). Não se trata de um "novo índice da moda", mas de uma correção necessária: como medir a economia brasileira ignorando quem realmente move o PIB digital do país?
O IBBR+ trouxe para dentro do índice nove empresas que compartilham características marcantes: são jovens (a maioria nasceu ou ganhou escala nos anos 2000), operam modelos digitais escaláveis e apresentam crescimento consistente trimestre após trimestre.
Juntas, essas empresas somam impressionantes R$ 1,2 trilhão em valor de mercado, o equivalente a mais de 30% de todo o Ibovespa tradicional. Entre os destaques estão:
É dinheiro demais para ficar fora do principal benchmark brasileiro, não acha?
Compare as carteiras e a diferença salta aos olhos. Enquanto o Ibovespa tradicional é dominado por bancos tradicionais, Petrobras e Vale, o IBBR+ traz um retrato mais equilibrado:
No IBBR+, Nubank e Mercado Livre ocupam as primeiras posições (10,4% e 8,9% respectivamente), refletindo a força da economia digital. No Ibovespa tradicional, essas empresas simplesmente não aparecem.
Não é apenas uma questão de números. É sobre capturar o Brasil que realmente cresce: o das fintechs, do e-commerce, das plataformas digitais que transformaram nossa forma de consumir e investir.
Aqui está o ponto interessante (e a oportunidade): apesar de toda a superioridade conceitual do IBBR+, os números mostram uma realidade contrastante.
Os ETFs que seguem o Ibovespa tradicional somam R$ 15,9 bilhões em patrimônio e mais de 107 mil cotistas. Já os ETFs do IBBR+, como nosso NBOV11, o B3BR11 (Itaú) e o BRAZ11 (BB), ainda acumulam apenas R$ 43 milhões e cerca de 1.600 investidores.
Por que essa disparidade? Inércia.
O Ibovespa se consolidou por décadas como a "alocação padrão" em carteiras brasileiras. Gestores e investidores reproduzem benchmarks familiares, mesmo quando eles deixam de refletir a economia atual.
Mas não se engane: a transição já está em movimento. A B3 não apenas criou o índice — ela construiu todo o ecossistema ao redor dele. Em junho de 2025, lançou o Micro Futuro do IBBR+ (MBR) e opções mensais e semanais. São as ferramentas que faltavam para que o mercado tratasse o BR+ como "moeda de troca": exatamente o que consolidou o Ibovespa ao longo dos anos.
Grandes gestoras validaram a tese: depois do nosso pioneiro NBOV11, Itaú e BB lançaram seus próprios ETFs do IBBR+. Não é coincidência. É o reconhecimento de que o futuro dos investimentos brasileiros passa por uma visão mais completa do país.
Primeiro, pela representatividade. Enquanto o Ibovespa captura o "Brasil industrial e agrícola" do século passado, o IBBR+ reflete o "Brasil digital" que vivemos hoje. Quando você paga uma conta no app do banco, está interagindo com empresas que só existem no BR+.
Segundo, pela continuidade econômica. Quando uma empresa migra sua listagem para o exterior (como fez a JBS), ela não desaparece da economia brasileira — e não deveria desaparecer do índice que a representa.
Terceiro, pela inevitabilidade. A economia digital só cresce. O e-commerce ainda tem apenas 11% de penetração na América Latina. Fintechs continuam ganhando participação no sistema financeiro. Ignorar esses setores no principal índice brasileiro é como tentar medir a temperatura com um termômetro quebrado.
A tabela coloca, lado a lado, os 20 maiores nomes de cada índice e mostra quanto cada um “pesa” e quanto está acima/abaixo do outro índice. À esquerda, o Ibovespa segue liderado por Vale, Itaú e Petrobras, com sobrepeso em relação ao BR+ (veja os números em verde na coluna “Diferença para o IBBR”).
À direita, o IBBR+ muda o topo do ranking: Nubank (ROXO34, 10,4%) e Mercado Livre (MELI34, 8,9%) aparecem como as duas maiores posições — ausentes do Ibov — e JBS (JBSS32, 2,5%) também entra.
O efeito prático é um retrato setorial mais balanceado.
O Ibov continua concentrado em commodities e estatais, enquanto o BR+ redistribui parte do risco para finanças digitais, e-commerce e plataformas — sem perder diversificação (Top 20 próximos: ~71% no Ibov vs. ~73% no BR+). Para o investidor, isso significa capturar motores de crescimento que o Ibov não alcança, mantendo as “blue chips” locais; e aceitar que a performance relativa vai variar conforme o ciclo: quando a economia digital puxa, o BR+ tende a liderar; quando o ciclo de commodities domina, o Ibov pode levar vantagem.
Toda transição de paradigma tem seus pioneiros e seus seguidores. Os primeiros capturam o melhor momento; os segundos chegam quando o movimento já está óbvio para todos.
Hoje, você tem a oportunidade de se posicionar no que acreditamos ser o futuro dos investimentos brasileiros. O IBBR+ não é uma aposta — é o reconhecimento de uma realidade que já existe, mas que ainda não se reflete nos portfolios da maioria dos investidores.
Com nosso NBOV11 e os demais ETFs disponíveis, a ferramenta está na prateleira. A liquidez dos ativos subjacentes é gigantesca. O ecossistema de derivativos está sendo construído.
A pergunta que fica é: você vai fazer parte da mudança ou vai esperar ela chegar até você?