Se você não passou 2024 em um retiro no Tibet, provavelmente não é novidade que estamos em um momento de muita incerteza na agenda econômica doméstica. Com a baixa confiança em relação à capacidade do governo em realizar um corte de gastos eficaz, vimos o dólar passar de R$ 6 e a expectativa do mercado para a inflação de 2025 aumentar cada vez mais — o que sugere uma taxa de juros alta por mais tempo.
Na ausência de bolas de cristal, todo mundo que investe quebra a cabeça pensando no que fazer — e em tempos como estes, normalmente escolhe o caminho mais seguro, concentrando seus investimentos na renda fixa menos arriscada possível.
A renda fixa é essencial para seu portfólio, da consolidação da sua reserva de emergência ao controle da volatilidade e à proteção contra a inflação.
Felizmente, o mercado de ETFs brasileiros cada vez mais abre um atalho para a renda fixa através da bolsa, oferecendo acesso a estratégias sofisticadas e algumas vezes com menor custo de imposto de renda no resgate.
Para além da segurança da renda fixa, não esqueça que o mercado é cíclico e que ruídos de curto ou médio prazo não podem ditar seus objetivos de longo prazo.
Aqui, a estratégia é simples e você já conhece, mas a repetição é essencial: diversifique.
Sem a paciência de aportes regulares e a diversificação em diferentes mercados, geografias, moedas e estratégias, você corre o risco de perder a magia dos juros compostos — e continuar com medo de abrir um site de notícias ou assistir ao noticiário da TV.
Apesar de o primeiro ETF brasileiro, o PIBB11, já poder beber, votar e dirigir, tendo completado 20 anos em 2024, estamos falando de um mercado que recém começou a ganhar tração.
Em uma safra baixa de novas empresas fazendo IPOs, os ETFs ocuparam a bolsa de valores nos últimos tempos, com lançamentos importantes de diferentes gestoras — Itaú, Nu Asset, Buena Vista, Investo…
2025 não deve ser diferente: como reportamos no mês passado, a CVM, um dos órgãos reguladores do mercado, não descarta expandir as possibilidades para novas estratégias de gestão em ETFs, dando espaço para a possibilidade de fundos listados na bolsa também contarem com gestão ativa.
Se 2025 trouxer o primeiro ETF de gestão ativa no Brasil, você pode ter certeza de que saberá em primeira mão pela tudoETF (como soube do lançamento do ETF de Bitcoin com dividendos semanas antes da imprensa tradicional reportar 👀).
Antes tarde do que ainda mais tarde, o vento no mercado de investimentos está cada vez mais soprando a favor do investidor. A CVM, órgão que citamos há pouco, colocou na rua a resolução 179 em novembro.
Resumindo, ela é um marco para quem é atendido por um assessor de investimentos: com ela, você tem o direito de pedir ao profissional um extrato do quanto foi ganho de comissão em cima de cada dica que foi parar na sua carteira.
Muitas vezes o produto quente que te convenceram a investir não veio por boa vontade — mas porque alguém na corretora de investimentos precisava bater uma meta.
Aqui, cabe uma ressalva: o próprio mercado ainda está aprendendo o poder dos ETFs. O assessor que deseja fazer o melhor para seu cliente está caminhando para um modelo mais justo, como é o caso do “fee-fixo”, em que o profissional não ganha comissão: ele é remunerado com base no seu patrimônio, ou seja, o interesse em ver você indo bem é compartilhado — ambos passam a ganhar mais. E aí sim nasce um incentivo genuíno de falar sobre uma das formas mais baratas e eficazes de investir, como os ETFs.
Acreditamos que a mudança não será do dia para a noite, mas na sua carteira ela pode acontecer o quanto antes: se você é atendido por um profissional de investimentos, comece a conversa e desenhe formas de otimizar seu portfólio.
Uma reportagem recente da B3 também compartilha do nosso otimismo. Dá uma olhada no que a executiva Débora Cazotti, da Global X, comentou ao blog da bolsa: “o modelo fee based foi uma virada de chave nos EUA, e a gente imagina que com a nova regra da CVM vai ser uma virada de chave aqui no Brasil”.
ETFs são mais baratos que fundos de gestão ativa. ETFs são menos arriscados do que ficar comprando e vendendo ações. E até mesmo naqueles fundos de renda fixa, que seguem a taxa DI e cobram o mesmo custo de gestão que um ETF, você pode estar perdendo dinheiro — basta relembrar aquele que chamamos de “o vilão silencioso da rentabilidade”.
Sejamos sinceros: por mais entusiasta de investimentos que você seja, é dia 31 de dezembro. Sua roupa da virada já está separada e você não quer passar o tempo livre de amanhã consumindo algo que tenha cara de dia útil.
Nossa dica de hoje foge das recomendações de livros, filmes e séries sobre o mercado, mas não deixa de ensinar um pouco sobre o nosso universo.
Por mais que você não tenha interesse ou conhecimento prévio sobre ciclismo, dê uma chance à minissérie “No Coração do Pelotão”, disponível na Netflix.
O ciclismo de estrada, que culmina na maior competição do ano, a Tour de France, não cria estrelas e ídolos sem um bom trabalho de equipe e estratégia por trás.
Não se chega ao pódio sozinho: é preciso analisar o cenário, traçar estratégias de equipe e contar com a fortaleza do seu companheiro de time para compensar uma possível fraqueza sua.
Esportes em equipe têm essa semelhança com um bom portfólio diversificado de ETFs: você não vence o jogo com um único ativo na sua carteira.