A PwC, uma das maiores consultorias financeiras e firmas de auditorias do mundo, publicou na semana passada um estudo sobre ETFs.
E para poupar o seu tempo, a tudoETF trouxe os principais pontos da pesquisa, que buscou prever o caminho que os ETFs vão trilhar até o fim da década a partir da opinião de gestores de ETFs, gestores de fundos tradicionais, distribuidores e market makers.
➡️ Um entre três prevê trinta trilhões: parece trava-língua, mas essa é uma das principais conclusões do estudo da PwC. Em 2024, o patrimônio global investido em ETFs cresceu 27%, chegando a US$ 14,6 tri.
Enquanto 60% dos entrevistados vê a década fechando com a marca de US$ 26 trilhões, há um grupo mais otimista: 28% acredita que a marca de US$ 30 trilhões é possível ao fim de 2029, representando um crescimento médio anual de 18,4% até lá.
➡️ Novas gerações, novos hábitos de investimento: a PwC aponta um possível maior apetite das novas gerações de investidores em relação a ETFs. Pelo terceiro ano consecutivo, o investimento em ETFs foi maior do que em fundos tradicionais.
A pesquisa aponta uma possível correlação com a "grande transferência de riqueza", ou seja, o fato de que a geração baby boomer (pessoas nascidas entre 1946 e 1964) deixará como herança, globalmente, cerca de US$ 68 trilhões às gerações mais jovens ao longo dos próximos anos.
➡️ O momento dos ETFs ativos: nove entre 10 entrevistados estadunidenses (89%) esperam que a demanda por ETFs de gestão ativa cresça de forma significativa. Esse é um salto considerável, já que a mesma pesquisa feita no ano anterior mostrava menos otimismo em relação à categoria de ETFs.
E como você deve saber, o que o mercado norte-americano faz tende a "ditar moda" globalmente no mundo dos investimentos. Para entender melhor o status de ETFs com gestão ativa no Brasil, recomendamos a leitura desta nossa edição.
⚠️ Antes de encerrarmos o assunto, cabe ressaltar que a PwC focou suas entrevistas nos quatro mercados de maior representatividade na indústria global de ETFs.
Ainda que os dados reflitam a economia de ETFs globalmente, os entrevistados são profissionais do Canadá, Estados Unidos, Europa, e Ásia-Pacífico. Para os curiosos, o estudo completo pode ser acessado aqui.
Os trilhões que movimentam o mercado de ETFs ainda são em boa parte negociados pelo mercado institucional, ou seja, por outras instituições financeiras que compram e vendem cotas de fundos negociados na bolsa por diferentes motivos.
Mas não estamos aqui para entediar você com o quanto o banco X comprou do banco Y em ETFs. Queremos educar o investidor da ponta. Para isso, nada melhor do que uma história.
Entra em cena o americano Seth Jones.
Publicada pela Business Insider no último dia 5, a trajetória de Jones representa o "estalo" que muitos investidores estão tendo em relação à preservação de patrimônio acumulado através de ETFs.
Ele construiu seu patrimônio através de imóveis, adotando um estilo de vida extremamente frugal e investindo 100% do seu salário na compra de imóveis — os custos do dia a dia ficavam por conta do salário da esposa.
Para avaliar oportunidades, Jones adotou a chamada “regra de 1%”, garantindo que o aluguel mensal dos seus imóveis fosse pelo menos 1% do valor da propriedade.
Com o tempo (e já com 10 imóveis em seu nome), ele se desencantou do mercado imobiliário. Em especial durante a pandemia, o empreendedor percebeu que investidores do setor deixaram de priorizar o fluxo de caixa e passaram a apostar apenas na valorização dos imóveis.
Com os fundamentos cada vez mais frágeis, ele decidiu liquidar sua carteira de imóveis, vendendo suas propriedades entre 2019 e 2023. Seu maior lucro veio de um imóvel comprado por US$ 190 mil e vendido por US$ 500 mil.
Hoje, ele deixa todo o patrimônio em um portfólio diversificado de ETFs que inclui fundos de ações boas pagadoras de dividendos, fundos de ouro e de títulos de renda fixa com diferentes prazos.
Por que a mudança faz sentido?
No lugar de estar exposto aos riscos de um único setor, como o mercado imobiliário, Jones consegue agora manter o que conquistou com diversificação em diferentes mercados — e usando um dos veículos de investimento mais baratos e com maior liquidez que há.
Ah, e sem mais dor de cabeça com as exigências dos inquilinos.
Gestoras de ativos têm a tradição de se comunicar com o mercado através de cartas. Dessa vez, a correspondência veio da companhia fundada por Ray Dalio — e com urgência de telegrama.
Frente às atuais políticas econômicas do governo Trump, os estrategistas da Bridgewater publicaram um documento de alerta sobre as possíveis consequências negativas para a bolsa americana do atual xadrez econômico.
A partir da matéria publicada pelo Seu Dinheiro, resumimos os quatro tópicos da carta aqui:
1️⃣ O mercado de ações dos EUA representa 70% do mercado acionário global. Isso torna o mercado de investimentos dos EUA altamente dependente do capital estrangeiro: "Há um risco direto de que medidas comerciais agressivas contra os principais parceiros comerciais dos EUA prejudiquem o desejo de injetar recursos em ativos norte-americanos".
2️⃣ O bom desempenho de empresas estadunidenses está diretamente ligado às suas operações internacionais: "Embora a economia norte-americana seja mais resistente a uma guerra comercial do que seus parceiros comerciais porque importa mais do que exporta, as empresas dos EUA são consideravelmente mais vulneráveis."
3️⃣ O crescimento do lucro das empresas dos EUA está relacionado ao aumento dos gastos públicos e aos cortes de impostos. "Permanece considerável incerteza sobre a trajetória da política fiscal a partir daqui, e cortar significativamente os gastos será politicamente desafiador".
4️⃣ Por fim, o Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) enfrenta uma saia justa para baixar os juros devido à inflação e ao risco de ainda mais aumento de preços por conta da política tarifária. Isso torna a situação ainda mais instável para o mercado de ações.
Hora de entrar em pânico?
Não exatamente. Estamos falando de perspectivas trazidas pela empresa de Ray Dalio, um veterano de diferentes crises econômicas que busca, em suas estratégias, entender os ciclos econômicos para criar soluções que naveguem qualquer turbulência.
No seu legado está a criação do "All Weather Portfolio", estratégia de alocação lançada em 1996 com o intuito de construir uma lógica de resiliência em tempos incertos.
Como ações são mais voláteis que títulos de renda fixa, por exemplo, um portfólio tradicional tende a ser dominado pelo risco do mercado acionário.
Um exemplo de como a estratégia All Weather mitiga isso é operando com alavancagem (negociando com mais dinheiro do que de fato se tem) ativos menos voláteis para garantir que nenhum investimento individual de maior risco controle o desempenho da carteira.
E depois de tanto tempo, enfim, um ETF
A estratégia All Weather é inspiração para a alocação de muitos fundos e ETFs mundo afora, mas ela enfim chegou “oficialmente” ao mercado de fundos da bolsa através da State Street, que anunciou o lançamento do ALLW em parceria com a Bridgewater. Com 0,85% de custo anual, o ETF replicará uma das alocações mais famosas do mundo.