Afinal, como escolher o primeiro ETF?

Para alguns investidores veteranos, a pergunta pode parecer simples demais. Mas a verdade é que a tudoETF sabe que muitos assinantes por aqui ainda são "voyeurs": dão uma espiadinha nas novidades da indústria dos ETFs, mas ainda não chegaram a transformar seu portfólio através do poder dos fundos de índice.

Além disso, quando falamos de dinheiro, as perguntas mais simples tendem a ser as mais importantes. E mesmo que você já seja um investidor de ETFs, a edição de hoje pode te ajudar a educar os seus amigos que não conhecem esse mercado.

#1. Se você não tem investimento algum...

Não adianta: antes de querer mudar o mundo, é preciso arrumar o próprio quarto. Por mais encantado que você ficou com o retorno de mais de 170% dos ETFs de cripto em 2024, por exemplo, se você não tem uma reserva de emergência, sua vida financeira não tem maturidade para voos mais ousados.

Uma reserva de emergência precisa cobrir pelo menos seis meses dos seus custos de vida, com o valor alocado em investimentos de baixa volatilidade, alta liquidez e que não desvalorizem por conta da inflação. A recomendação clássica é a alocação em um fundo tradicional DI (que acompanha o CDI) ou no Tesouro Selic.

No Brasil, o LFTS11, da Investo, é o único ETF 100% exposto ao Tesouro Selic. É possível construir sua reserva de emergência através dele? Sim, mas a discussão não é tão simples. A B3 reuniu a opinião de diversos especialistas para que você faça essa decisão de forma consciente.

#2. Já investe? Hora de olhar para seus investimentos antes de ir às compras

Reserva de emergência garantida e alguns outros investimentos no seu portfólio? Faça uma análise da concentração de riscos na sua carteira. Traduzindo: entenda se seus investimentos não estão todos expostos a um mesmo mercado, benchmark ou classe de investimentos.

Assim, a escolha do seu primeiro ETF deve seguir o princípio de buscar mais diversificação.

Um exemplo prático: se você tem apetite ao risco para o mercado de ações, mas só investe na bolsa brasileira, a diversificação em um mercado de ações estrangeiro e de grande porte, como o dos EUA, pode ser uma grande aliada para mitigar riscos locais.

E mesmo para investidores conservadores que só investem em renda fixa, existem ETFs que podem ajudar você a ter exposição a diferentes estratégias, índices e segmentos dentro dessa classe.

#3. Já sabe o que quer? Então compare e analise

Se seu portfólio de investimentos já passou pela triagem da reserva de emergência e da diversificação e você busca um ETF específico para ganhar exposição em um mercado que ainda não investe (ouro, cripto, inteligência artificial, etc), é importante você comparar os custos de administração e analisar se o mercado oferece o que você quer.

Digamos que você queira adicionar renda fixa estadunidense ao seu portfólio. Olhando para a lista de ETFs brasileiros, você não encontrará uma opção para isso.

Mas a bolsa possui BDRs, que funcionam como “embalagens” de papéis disponíveis em outras bolsas. São mais de 240 BDRs de ETFs, como o BEWJ39, que replica o ETF americano EWJ, um fundo indexado para se expor somente à bolsa japonesa.

De volta à renda fixa americana, pela bolsa brasileira, existem mais de 20 opções em BDRs. A BlackRock, maior gestora de ETFs do mundo, oferece desde o BSHY39, que replica um ETF de tesouro americano de curta duração, até o BTLT39, com títulos com mais de 20 anos de vencimento.

#4. Não se limite à bolsa brasileira

Por mais avanços que a B3 venha fazendo na distribuição de ETFs e BDRs de ETFs, o mercado internacional oferece ainda mais opções para você diversificar seu patrimônio — e não é tão complexo acessar a bolsa dos EUA através de plataformas como XP, Banco Inter, Nomad, Avenue, entre outras.

Lá fora, ETFs de gestão ativa, de segmentos específicos da economia ou de teses e estratégias diferenciadas (do mercado de M&A à indústria nuclear) se proliferam com mais rapidez que no Brasil.

Para ficar no radar 📡

👀 Hora de segurar a empolgação com os ETFs de S&P 500? A partir de análises do Morgan Stanley, Giuliano Guandalini, do Brazil Journal, aborda cinco sinais que apontam para uma dose de ceticismo (e diversificação) antes de aumentar sua exposição ao índice mais famoso da bolsa americana.

💚 O velho continente se apaixonou por ETFs: um levantamento publicado pela Morningstar mostrou que 2024 foi um ano recorde na Europa para os ETFs. Com um aumento anual de 33% em patrimônio sob gestão no território, o ano passado também registrou o maior fluxo de entrada em ETFs negociados na Europa: 247 bilhões de euros.

🦁 O leão está chegando… Bateu aquela dúvida de como declarar seus ETFs no Imposto de Renda de 2024 daqui alguns meses? O Nubank publicou no seu blog um tutorial para que você não se perca.

Recomendação de investimento (do seu tempo)

“Ninguém tem paciência para ficar rico devagar.”

Essa frase é de uma das vítimas da QuadrigaCX, empresa que chegou a ser a maior corretora de criptoativos do Canadá, com mais de 100 mil clientes, até se revelar uma operação fraudulenta com a morte misteriosa do seu CEO — e o sumiço de mais de US$ 250 milhões.

Crédito: Netflix

A dica de hoje é “Não confie em ninguém”, documentário disponível na Netflix. Para além das lições sobre a importância de escolher instituições financeiras reguladas e confiáveis, o filme explica diversos termos importantes sobre o mundo cripto.

E em um momento em que as moedas digitais ganham cada vez mais destaque, saber como elas funcionam é essencial para entender se elas fazem sentido com o seu perfil de investidor.