Daqui exatamente duas semanas, o Copom começa mais uma vez uma de suas reuniões de dois dias para definir a taxa de juros brasileira, a Selic.
Depois de subir mais um ponto percentual em março, a indicação do comitê é de que, mesmo que em menor proporção, a taxa cresça ainda mais — e só pare quando a inflação mostrar sinais de que está voltando ao controle.
Ou seja, para quem investe, hoje um simples título do Tesouro Selic, considerado o título mais seguro e conservador entre os investimentos disponíveis no mercado, tem um rendimento bruto de mais de 14,25% ao ano.
E mesmo que a taxa alta consiga segurar a inflação e comece seu ciclo de estabilização e queda, o movimento não será rápido: os ministérios da Fazenda e do Planejamento já anunciaram que, em suas previsões, a Selic a dois dígitos vai ser realidade pelo menos até 2027, quando se espera que ela chegue a 10,09%.
Nessa hora, você que ainda não investe em ETFs mas tem interesse no assunto pode pensar: com um prêmio tão alto vindo direto dos títulos públicos, vale mesmo a pena adicionar mais ingredientes à carteira?
Sem ignorar a importância da alocação em títulos públicos indexados à Selic, em especial para a construção da sua reserva de emergência, vamos chover no molhado e falar de diversificação a partir de diferentes ângulos.
Mesmo para um perfil de investimentos conservador, é essencial que sua exposição à renda fixa também aproveite outras estratégias.
Por mais que o mercado antecipe o rumo dos juros e compartilhe suas expectativas para a inflação, ninguém pode adivinhar o futuro.
Daí vem a importância de combinar investimentos pós-fixados (Selic), atrelados à inflação (títulos IPCA) e prefixados (quando o retorno é estabelecido na compra).
Mas isso é só o começo. A bolsa brasileira cada vez mais abre caminho para ETFs de renda fixa, que acompanham índices tanto de títulos públicos quanto privados. Recomendamos a leitura do nosso artigo em que listamos todas as opções de ETFs acessíveis pela B3 e as suas taxas e rentabilidades em 2024.
Você considera 2027 um horizonte de curto ou longo prazo? Por mais que tenha muita água para rolar até lá (da eleição presidencial brasileira à Copa do Mundo), a verdade é que, do ponto de vista do acúmulo de patrimônio, 2027 está muito perto.
Fizemos, há algumas semanas, uma simulação de qual ETF pode combinar com a sua idade. A sua alocação deve considerar diferentes horizontes de tempo.
Dentro de um perfil de risco adequado, talvez faça sentido você aproveitar um momento de aperto econômico para explorar o mercado de ações: embora seja encantador um retorno anual de mais de 14%, tem ETF de renda variável que já entregou mais do que isso em apenas três meses neste ano.
Mas não se deslumbre com os retornos: considere a exposição à bolsa como mais um fator de diversificação do seu patrimônio.
Não dá para pensar em acumular patrimônio sem considerar diversificar globalmente.
Se você é da geração que se acostumou a calcular o dólar apenas multiplicando o real por dois, tão cedo não voltaremos a uma valorização tão grande da moeda. Os mesmos ministérios que citamos acima têm uma projeção de que o dólar irá encerrar a década em R$ 5,90.
Ou seja, a Selic está premiando você a uma taxa alta, mas em uma moeda cada vez mais enfraquecida.
Títulos de renda fixa estrangeiros, ações de bolsas fora do Brasil e cripto: sem precisar de um “green card”, internacionalizar sua carteira é um processo sem muita burocracia hoje em dia. Fizemos um recorte dessa estratégia nesse conteúdo, em que aprofundamos os prós e contras dos ETFs irlandeses.
Talvez você tenha visto nos últimos dias que foi descoberta vida fora da Terra.
E se você clicou na matéria em vez de só ler o título, entendeu que a novidade não é tão definitiva assim: o telescópio James Webb detectou indícios químicos que, aqui na Terra, só são produzidos por organismos vivos. Isso lá no planeta K2-18 b, que fica a 120 anos-luz de nós.
O que isso tem a ver com ETFs?
O "tudo" em nosso nome não é à toa: para toda temática ou estratégia possível, parece haver um ETF. E com o gancho da descoberta espacial feita recentemente, aproveitamos para falar sobre o UFO, um ETF temático que aposta no que há além da Terra.
Lançado em 2019, o UFO é negociado na Nasdaq e gerido pela ProcureAM. Apesar do nome pitoresco, baseado na sigla em inglês usada para “objeto voador não identificado”, o ETF tem um fundamento menos misterioso do que parece: ele busca se expor a empresas envolvidas na pesquisa e na exploração do espaço, incluindo fabricantes de aeronaves e satélites.
A curadoria das empresas que compõem seu índice, porém, é criteriosa: pelo menos 80% das companhias precisam ser “pure play”, ou seja, serem focadas no tema do ETF.
Essa limitação levou o cofundador da ProcureAM, Andrew Chanin, a abrir o leque e incluir empresas fora dos EUA. Na época do lançamento, as maiores posições no índice eram empresas que talvez você nunca tenha ouvido falar: Iridium, Inmarsat, Viasat, Trimble e Sirius.
E dá dinheiro esse ETF?
ETFs temáticos, dedicados a uma tese específica ou a um único setor da economia, são controversos. Há quem se afaste de produtos como o UFO por conta da alta exposição a um mesmo setor. Mesmo assim, o ETF já conta com US$ 51,7 milhões sob gestão.
Desde o seu lançamento, o retorno do UFO está no vermelho: -16,3%. Mas o caminho até aqui foi marcado por altos e baixos turbulentos: em 2022, o fundo fechou com -25% ao ano. Já em 2024, o retorno foi positivo: +27,2%. Aventuras intergalácticas exigem estômago forte.
Apesar de ainda ser um ativo com pouco retorno, o UFO parece ser uma aposta de longo prazo: empresas que hoje estão ligadas ao tema, como a Starlink e a SpaceX, de Elon Musk, e a Blue Origin, de Jeff Bezos, ainda não estão listadas na bolsa e, portanto, não podem compor o ETF. Ainda.
✈️ O primeiro ETF internacional do Bradesco virá do outro lado do globo: confira a aposta do banco no mercado chinês e o lançamento do produto, que faz parte do acordo entre a B3 e as bolsas de Xangai e Shenzhen, que possibilitará a listagem cruzada de ETFs entre os dois países. O conteúdo é do Neofeed.
🧠 O autointitulado “otimista racional”: no começo de abril, Morgan Housel, autor do livro "A Psicologia Financeira", compartilhou sua visão sobre o momento atual da economia americana, incluindo as flutuações do mercado e as tarifas impostas por Donald Trump. O texto é longo, mas vale a pena. Leia aqui (em inglês).
😎 Os ETFs de renda fixa estão no radar do investidor de alta renda: confira o levantamento da Smartbrain em relação aos investimentos mais comuns para esse público em março. Os ETFs dominaram metade do top 10 entre os ativos mais negociados na bolsa, com ETFs de renda fixa em primeiro e segundo lugar, acima de ações de peso como Banco do Brasil e Petrobras. A publicação é do Valor Investe.