Em nossa busca constante por referências e análises de ETFs no mercado brasileiro, ainda contamos nos dedos as casas do mercado financeiro que olham para os fundos listados na bolsa e reconhecem o pioneirismo do investimento a ponto de desenvolver soluções, sejam elas de produto ou mesmo de análise e educação para o investidor.

Esse é o caso, por exemplo, das carteiras recomendadas. Enquanto ações e até mesmo FIIs enchem os portais de notícias do mercado financeiro com recomendações de onde investir na semana, são ainda poucas as casas de análise que cobrem recomendações de ETFs.

Entre elas está o PagBank. Com uma presença bastante forte entre empresários brasileiros por conta das "maquininhas", hoje o PagBank oferece diversas soluções financeiras, incluindo investimentos, e possui mais de 30 milhões de usuários. E dentro da área de Research de investimentos, a companhia publica mensalmente sua carteira recomendada de ETFs.

Foi assim que chegamos em Alex Falararo, estrategista-chefe de investimentos no PagBank com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro. Abaixo, você confere os principais pontos da nossa conversa e da visão de Alex sobre o mercado de ETFs e sobre os caminhos do investidor brasileiro rumo a opções ainda mais completas para investir.

Alex, são poucas as casas que se dedicam a construir e publicar para o investidor de varejo uma carteira de ETFs. Como ela surgiu e o que fundamenta as escolhas de vocês ao desenvolvê-la?

“O PagBank atua há alguns anos com investimentos e, quando entrei, tive a oportunidade de estruturar a área responsável pela produção de carteiras recomendadas por perfil (asset allocation). Como eu trabalhei por muito tempo em um family office e, antes disso, em um banco americano, sempre tive muito contato com ETFs para a alocação de investimentos. 

Eu criava carteiras de investimentos com exposição internacional e o ETF naturalmente fazia parte: é um produto barato, fácil de utilizar em uma estratégia de diversificação e bom para fazer uma alocação de longo prazo.

Eu trouxe um pouco dessa filosofia para o PagBank. Em 2024, o grupo já estava com a estrutura de corretora funcionando e, na área de análise (research), tínhamos diversas carteiras de ações, cada uma com uma estratégia diferente: dividendos, foco em longo prazo, etc.

Entendemos que era o momento de ampliar para uma carteira de ETFs para oferecer aos nossos clientes. Não foi algo que surgiu simplesmente por demanda, mas de forma intencional, de querer mostrar aos investidores essa eficiência contida nos ETFs, em especial quando você organiza a inteligência da análise em uma carteira, na forma de recomendação.” 

Nos últimos anos, os ETFs têm ganhado destaque no Brasil e, com isso, algumas discussões sobre o futuro do mercado surgem. Como nos EUA, os fundos listados em bolsa cada vez mais “ameaçam” os mutual funds, que seriam os fundos tradicionais aqui. Como você vê essa discussão aplicada à nossa realidade?

“Eu vejo que existem algumas ‘brigas’ nesse debate e há duas principais que vale ressaltar. A primeira seria a discussão entre gestão ativa e gestão passiva.

A verdade é que muitos gestores de fundos tradicionais com alocação ativa se utilizam da filosofia que gerou os ETFs, eles aproveitam da gestão passiva em sua estratégia e adicionam a busca por alpha (retorno acima de um índice) com negociações mais específicas e setoriais.

Quando a gente olha para estratégias de gestão ativa versus gestão passiva de uma forma tão radical, você começa a criar uma competitividade para o cliente que nem sempre é benéfica. 

Um exemplo ajuda a deixar mais claro: digamos que, ao montar uma carteira de investimentos, o profissional entenda que a alocação estratégica exige 15% de exposição à bolsa americana através do índice S&P 500. Isso é o que a gente chama de nível neutro de alocação em uma classe, ou seja, o nível ideal para carregar a longo prazo a partir dos objetivos daquela carteira.

Mas isso não significa que eu vou fechar os olhos e sempre me limitar a esses 15%, só significa que aquele é um balizador do quanto eu deveria ter de forma inclusive passiva no índice. 

Se o profissional acredita que outros setores da bolsa americana podem ter uma performance superior ao índice e quiser buscar alpha, ele irá atrás de negociações específicas para alcançar isso, sem desrespeitar o nível neutro. Resumindo, essa briga constante entre modelo ativo e passivo é ruim porque você perde o foco do resultado. 

A segunda discussão é quando o tema é visto como ‘fundos com gestão ativa versus ETFs com gestão passiva’. Muita gente gosta de dizer que os ETFs vão “matar” os fundos tradicionais. Hoje, no Brasil, temos cerca de 5 mil fundos e investimentos, enquanto os ETFs não passam de 150 na bolsa brasileira, acompanhados de alguns BDRs de ETFs custodiados em bolsas estrangeiras.

Eu não acho que uma indústria vai acabar com a outra. O que eu vejo é que a evolução dos ETFs vai provocar os gestores de fundos a serem mais eficientes, gerarem mais resultados e até mesmo repensarem o valor de suas taxas de administração por conta da pressão de custo que o ETF traz por seu baixo valor.

No fim, essa competitividade, sim, é benéfica para o mercado e para o investidor, que ganha mais opções de diversificação dentro do que ele tem de objetivos.”

Alex, ainda existe uma curva grande de aprendizado para mais brasileiros se habituarem aos ETFs. Que caminhos você entende que precisam ser percorridos para o investimento “cair no gosto” das pessoas?

“O investidor precisa conhecer e se sentir confortável com o ETF, buscando conhecimento sobre o produto. O investidor por muitos anos tinha medo de entrar na bolsa e, além disso, era um processo muito mais burocrático.

Eu lembro que, quando eu abri a minha primeira conta em uma corretora para investir na bolsa, o agente autônomo da instituição me deu um formulário em papel, para preencher à mão, e que depois eu precisei escanear, enviar de volta para a corretora e então começar a investir. Era uma outra realidade. 

Hoje a facilidade é maior não só por avanços tecnológicos, como também por essa virada em que as instituições começaram a ficar multifuncionais. Se antes você tinha uma corretora individualizada, hoje você tem um banco digital que trabalha adquirência, conta corrente, com corretora, etc. O investidor consegue em um único lugar unificar sua vida financeira. 

Voltando aos ETFs, eu vejo que a abordagem educacional tem um papel importante de tradução desse mercado em uma linguagem mais fácil. É o que a gente procura fazer aqui em tudo, na verdade: eu não preciso abrir o nome completo de um fundo, chega até a assustar o investidor que está recém começando a aprender. Eu posso informar o básico e contextualizar aquele ETF, o que ele acompanha, qual a sua classe, etc.” 

A carteira de ETFs do PagBank pode ser acessada por meio deste link. Esta publicação é um conteúdo informativo e jornalístico da tudoETF, sem vínculo comercial com a instituição.