Se alguém ganhou dinheiro na bolsa brasileira neste ano, essa pessoa provavelmente tem ETFs de cripto na carteira: 2024 tem sido um ano de fartura para estes ativos por aqui.

Mas antes de mostrarmos números, pedimos que você aperte os cintos e saiba que o arrepio da subida também pode se tornar calafrio na descida: estamos no território mais volátil dos investimentos.

O HASH11, primeiro e maior ETF brasileiro do nicho, é gerido pela Hashdex e atrelado ao Nasdaq Crypto Index, um índice que acompanha várias moedas. Ele acumula mais de 67,8% de retorno no ano, com +113,6% na janela dos últimos 12 meses.

O QBTC11, da QR Asset, reflete o Bitcoin Reference Rate, ou seja, busca replicar somente o Bitcoin. O ETF entregou 81,6% em 2024 e 131,6% em um ano.

E falando em seguir uma cripto só, o ETHE11 (também da Hashdex) segue a Ether, coin da blockchain Ethereum, e tem uma trajetória recente de sucesso: 23,6% de retorno em 2024 e 62,6% no horizonte de um ano.

“Os ETFs mandaram bem, mas por que não investir direto em cripto?”

Investidor inteligente precisa se questionar justamente isso. E como já comentamos que somos transparentes, aqui não é nosso papel dizer para você que investir no mercado de criptos via ETFs é melhor do que comprar suas próprias coins.

✅ ETFs de criptomoedas eliminam uma curva de aprendizado: você acessa o mercado de criptoativos através da bolsa, sem precisar de uma corretora específica de compra e venda de moedas digitais.

❌ Por outro lado, isso significa que você não possui, de fato, criptomoedas. O ETF expõe você a um índice que acompanha o mercado ou um ativo e ainda está nas mãos de uma gestora — o que, para alguns entusiastas das criptomoedas, vai contra toda a filosofia das finanças descentralizadas.

✅ ETFs de criptos ajudam você a não precisar fazer market timing (adivinhar quando vender, comprar, vender, comprar…) e product picking, em especial os ETFs generalistas, que seguem índices que não são atrelados a apenas uma moeda.

❌ As criptos trouxeram para os investimentos inovações como a negociação 24h por dia, sete dias por semana. Investindo em ETFs, você segue obedecendo os horários da bolsa.

Pesquise e entenda o que faz sentido para seu objetivo e dedicação de tempo. E não se deslumbre tanto com performances passadas.

O que o mercado diz sobre o futuro das criptos?

No radar dos especialistas está o ciclo de cortes de juros iniciado pelo Banco Central americano. O movimento traz otimismo para os analistas do Mercado Bitcoin em matéria recente do MoneyTimes.

No dia 23, o Valor Econômico publicou um apanhado feito pela Bloomberg. O título traz otimismo: independente de quem vença as eleições americanas, a cotação do Bitcoin pode chegar aos 80 mil dólares ainda esse ano — uma marca histórica para a cripto que hoje está sendo negociada por volta de 69 mil dólares. A conclusão se baseia puramente no otimismo do mercado, que tem mostrado mais apetite por opções de compra.

Há quem não descarte a conquista dos 100 mil dólares para o Bitcoin em 2025, como o economista Peter St. Onge da The Heritage Foundation.

Na mesma matéria da Yahoo! Finance, porém, você vê um empreendedor de soluções de blockchain, Matthew Webb, não descartando turbulência em caso de recessão, vendo o Bitcoin podendo tombar para a casa dos 30 mil dólares caso a maior economia do mundo retroceda.

A cripto surfando a onda da inteligência artificial

Falando em futuro, a realidade é uma só: ou você já usou inteligência artificial ou consumiu algo produzido com ela, mesmo sem saber. E como você investe, provavelmente vem pensando em como ganhar dinheiro com o boom da IA.

Mas você também dá uma risada de leve quando lembra do Mark Zuckerberg apresentando o metaverso. E não esqueceu do frenesi das NFTs: lembra do Neymar e os R$ 6 milhões investidos nas ilustrações de macacos? Hoje, elas valem R$ 400 mil, segundo o Terra.

As NFTs, aliás, empolgaram a gestora Investo a lançar no Brasil o ETF NFTS11 em 2022, o primeiro ETF de NFTs do mundo! Com uma desvalorização grave de 53,7% em 2024, o papel acumula historicamente uma queda passando de 90%.

Hypes tecnológicos são sinônimo de futuros incertos. Mesmo assim, há quem aposte forte na ponte entre cripto e IA. E a protagonista dessa história é a Solana.

Como a Ethereum, a Solana não é uma criptomoeda, mas um sistema de blockchain que possui uma moeda nativa. No caso do Ethereum, a Ether. Da Solana, a Sol. Para não alongar muito nossa news de hoje, deixamos este artigo da IBM (sim, os avôs da tecnologia seguem firmes) explicando o que é uma blockchain, caso o termo ainda quebre sua cabeça.

Além de ser a primeira blockchain a usar inteligência artificial, a Solana tem sido um campo fértil para projetos de outras empresas que querem explorar o cruzamento de IA e blockchain.

A Flagship destacou oito projetos de IA usando a plataforma, incluindo soluções de marketplace, investimentos e até mesmo como ganhar dinheiro com a parte da banda larga em casa que você não consome.

E tem gente grande vendo potencial da Solana. Olha esse trecho do Infomoney: “O Bank of America [...] considera que a tecnologia da SOL pode se traduzir na ‘Visa do ecossistema de ativos digitais’, pois tem escalabilidade, baixas taxas de transação e facilidade de uso.”

Já tem ETF disso no Brasil? Já. Dois, inclusive.

A QR Asset e a Hashdex lançaram este ano o QSOL11 e o SOLH11. Mesmo com fundos tradicionais no cardápio, as duas gestoras não deixam de lado o mercado de ETFs.

Será que elas, assim como nós, suspeitam que o futuro dos investimentos está nos fundos de índice? 😉