O índice do medo que em breve vai virar ETF

Não existe fórmula mágica que possa dizer para você em que patamar a bolsa de valores estará daqui um mês. Só que isso não significa que o investidor deva ficar no escuro.

O VIX, índice da bolsa de valores de Chicago, é conhecido entre quem acompanha a renda variável justamente por ser o principal modo de medir a volatilidade (em bom português, o nível de sobe e desce) da cesta de ações mais relevantes dos EUA, o índice S&P 500.

Como o VIX funciona?

O VIX olha para os contratos futuros do S&P 500, ou seja, contratos em que o investidor tem o direito (mas não a obrigação) de comprar ou vender sua posição no índice a um certo preço em uma data determinada.

Em uma janela de 30 dias, o VIX olha para as oscilações de preço nos contratos para entender o humor do mercado no curto prazo.

O apelido do VIX é índice do medo, justamente porque ele é capaz de demonstrar a expectativa dos investidores em relação ao mercado de ações no futuro com base no que ele observa no presente. E se algo assusta ele, isso se traduz em medo e desvalorização dos preços dos contratos no mercado.

E vem ETF de VIX no Brasil...

Nos EUA, ETFs de VIX já existem. A novidade é que a B3, depois de criar com a S&P a versão made in Brazil do índice do medo para o Ibov, o S&P/B3 Ibovespa VIX, levou ao mercado o desejo de que um ETF a partir do índice exista.

Algumas dúvidas podem surgir nesse momento: se eu invisto em um ETF de S&P, qual o efeito de investir em um ETF que mede o que o mercado espera desse índice? O que isso pode causar na minha carteira?

Em matéria do E-Investidor, o gerente de índices da B3, Hênio Schmidt, explica: “o VIX tem correlação negativa com os principais índices de ações, algo muito difícil de acontecer com outros ativos. Então, se você tiver um percentual pequeno da sua carteira no VIX, você tem uma espécie de colchão para esses momentos de crise”.

Por enquanto, nenhuma gestora se posicionou para lançar o produto, que seria inédito no mercado de ETFs. É aguardar para ver.

O cardápio brasileiro cresceu

Falando em aguardar, a espera acabou. Em fevereiro, a B3 lançou um índice e deixou no ar que um ETF seguindo ele estava a caminho. Cobrimos esta notícia com ar de mistério em uma de nossas edições.

No último dia 24, o BTG Pactual anunciou o lançamento do tal ETF. Para refrescar sua memória, o índice da B3 acompanha debêntures, títulos de renda fixa que uma empresa emite para captar recursos em troca de juros para o investidor.

O “twist” do índice é que só entram na sua carteira as debêntures que podem ser “penhoradas”, ou seja, que podem ser usadas como garantia de patrimônio em negociações na bolsa.

Na prática, o Índice de Debêntures Ultra Qualidade DI B3 é uma curadoria das debêntures mais bem avaliadas, já que um título de uma empresa em recuperação judicial, por exemplo, não pode ser usado como colateral de uma ação na bolsa.

O índice por trás do ETF demonstrou, segundo o Valor Investe, uma alta de 36,6% entre janeiro de 2023 e 20 de março de 2025, enquanto o CDI rendeu 28,5% no período.

Com o ticker MARG11 para negociação na B3, o novo ETF do BTG registrou um IPO de R$ 250 milhões, uma adesão alta de acordo com a companhia, que disse em matéria para a Veja que o produto é "eficiente para diversos públicos – de gestoras profissionais a investidores finais que pretendem ter alocação em um portfólio de crédito com liquidez."

Alta também é a taxa de administração, de 0,50% ao ano.

E se você for um Boglehead?

Não são só esportes ou hobbies que são capazes de gerar comunidades com um senso próprio de identidade. Os investimentos também têm esse poder.

Citado diversas vezes aqui na tudoETF, John C. Bogle, que fundou a Vanguard (segunda maior gestora de ETFs do mundo) e faleceu em 2019, continua servindo de inspiração — e o seu sobrenome virou o apelido de um grupo de investidores que compartilham uma mesma filosofia.

O que é um Boglehead?

Um investidor "Boglehead" se compromete ao seu plano de alocação independentemente das condições do mercado.

Com um objetivo claro, um 'Boglehead' define uma porcentagem para diferentes classes de investimentos de acordo com seu perfil e busca poupar regularmente, além de ir atrás da forma mais fácil e mais barata de investir.

Consegue entender onde o link com os ETFs começa a fazer sentido?

A "identidade Boglehead" surgiu por acidente, quando a Morningstar lançou um fórum chamado "Vanguard Diehards" em 1998. Dois anos depois, esse era o fórum mais ativo do site.

Deixamos a dica para você visitar a wiki oficial dos Bogleheads e até dar uma olhada na comunidade brasileira do tema lá no Reddit, a r/BogleheadsBrasil.

"Encontrei minha tribo"

Em 2023, a colunista Michelle Singletary ajudou a popularizar a filosofia Bogleheads ao publicar no Washington Post que tudo que ela fazia e acreditava em relação a investimentos já tinha um nome, batizado por uma comunidade inspirada pelo fundador da Vanguard.

No artigo, ela relembra um trecho do obituário de Bogle no WaPo: "Ele era um peixe fora d'água em Wall Street por sua defesa pelos fundos indexados e com baixo custo, que por muito tempo foram ridicularizados por stock pickers. Eventualmente, sua herança 'dominou' o mercado.”

E a leitura continua…

Nem uma, nem duas, nem três, nem quatro: cinco razões para você investir no exterior por meio de ETFs, segundo a Suno. A matéria está no UOL.

🪙 Ainda na dúvida entre ETFs e fundos tradicionais? O E-Investidor faz uma comparação com foco em algo que importa de verdade: o custo. Clique para ler.

✈️ ETFs listados no Brasil e na China? Conheça o acordo que a B3 fez com duas bolsas chinesas para ampliar as opções para o investidor. A reportagem é da Forbes.