Começo de conversa…

💸 R$ 1 mil por 10 anos: quanto rende o investimento regular em um ETF de mercados emergentes? A Exame fez uma projeção.

🌐 O Ibovespa sem fronteiras: B3 dá pistas para o rebalanceamento do índice Bovespa B3 BR+, que inclui empresas brasileiras com capital aberto fora daqui.

🔎 Conversa de especialista: uma análise sobre a importância da gestão passiva em um contexto global onde cada vez mais ETFs de gestão ativa são lançados. Clique e leia (em inglês).

GOAT11: Você leu a notícia, mas a gente vem com a didática

A essa altura, você já deve saber que o Itaú mexeu com o mercado financeiro ao lançar o GOAT11 neste mês. Com uma enorme cobertura da imprensa, o fundo se destaca por não ser apenas “mais um ETF", mas por estrear uma estratégia híbrida de investimentos. Vamos por partes.

ETF é um fundo de índice, certo?

Tradicionalmente, o ETF é um fundo que acompanha um índice e gera retorno de forma passiva. Ou seja, o ETF gera retorno por seguir uma cesta de ativos com algo em comum, sejam ações de tecnologia, títulos de crédito privado, unidades de uma mesma criptomoeda e por aí em diante.

Fora do Brasil, a indústria está em outro estágio e a relação entre ETFs e índices já se tornou um pouco mais cinzenta: os ETFs de gestão ativa (que operam como um fundo tradicional, buscando rendimento acima de um índice) hoje representam boa parte dos lançados nos EUA, como mostra o gráfico abaixo.

Crédito: ETF Trends

Mas vamos voltar para as nossas fronteiras.

Por enquanto, os órgãos reguladores brasileiros exigem que um ETF listado na B3 siga um índice. Um índice é uma forma de “recortar" a economia e, com uma boa dose de criatividade matemática, pode trazer um pouco mais de variedade ao mercado de ETFs.

Junto com a provedora de índices S&P, o Itaú criou um ETF que segue um índice que... segue dois dos seus ETFs.

O S&P 500® and Brazil Sovereign Real Interest Rate Bond 20/80 Blend Index mede o desempenho do retorno ponderado do SPXI11, o ETF de S&P 500 da casa, e o IMAB11, dedicado a títulos do Tesouro vinculados à inflação.

A performance do ETF se distribui em 20% para a bolsa americana e 80% para os juros brasileiros. Essa mistura dá duas vantagens para o fundo: carregar a marca de primeiro ETF híbrido do Brasil e poupar o investidor de pagar a DARF, já que a prevalência da renda fixa torna o recolhimento de impostos um processo automático ao vender a posição.

E a autoestima desse nome?

Dizem que o primeiro no mundo a ganhar o apelido de “GOAT" foi o boxeador Muhammad Ali. Abrindo a sigla, ela corresponde a “Greatest of All Time": o melhor de todos os tempos.

O Itaú surfou na gíria, já que une no GOAT11 duas estratégias que atraem muitos investidores. A primeira é o retorno histórico da bolsa americana (“não aposte contra os EUA”, disse Warren Buffett uma vez).

A segunda é a proteção em relação à inflação brasileira, alocação tática, em especial no atual momento da Selic, como comentamos em uma edição recente.

Índices e ETFs que refletem o mundo todo

Falamos que um índice pode recortar a economia, mas ele também é capaz de diagnosticar o mundo todo de diferentes formas.

#1. Como vai a renda fixa... de todo o planeta?

Em 1998, a Bloomberg lançou o Global Aggregate Bond Index, uma cesta com títulos de renda fixa públicos e privados de mercados desenvolvidos e emergentes.

Embora existam ETFs que acompanhem o índice (como o AGGG, da BlackRock), o principal papel do índice é servir como benchmark: em relação ao mundo todo, como vai a renda fixa dos EUA, por exemplo? Um índice assim ajuda a derivar conclusões para quem toma decisões de investimentos.

Nos últimos 12 meses, o AGGG trouxe o retorno de 3,19%.

#2. Investindo no mercado de ações global

Se você investe no exterior, o nome FTSE Global All Cap não deve soar familiar, mas a sigla VT provavelmente sim.

Gerido pela Vanguard, o VT é o famoso ETF que dá acesso ao mercado de ações de forma global. No Brasil, ele é replicado pelo WRLD11, da Investo. O índice vai da Finlândia ao Egito e passa aqui pelo Brasil, mas seus maiores representantes são China, EUA e Japão.

8,95% é o retorno do VT na bolsa americana nos últimos 12 meses.

#3. Aquecimento global exige acompanhamento global

A produção e o uso de energia limpa é base para uma empresa compor o S&P Global Clean Energy Transition Index, um índice de 100 ações globais em que o Brasil se destaca como terceiro colocado em representatividade, compondo 13,1% do peso do índice.

No mercado, o ETF de maior destaque é o ICLN, da BlackRock, com um retorno de 8,19% nos últimos 12 meses.

Panorama dos índices

Cotações consultadas em 26/05/25, às 18h BRT.