Anderson, Arthur, Fernando, Kelton e Matheus.

Um desses profissionais será honrado com o título de melhor assessor de investimentos em ETFs e BDRs do Brasil.

O reconhecimento faz parte do Prêmio ABAI 2025, voltado ao reconhecimento do mercado de assessoria de investimentos no Brasil. O evento é uma iniciativa da BP Money e tem a Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos (ABAI) e a bolsa de valores brasileira, a B3, como parceiras em sua realização.

No espírito de diversificação que também inspira nosso entusiasmo por ETFs, nos antecipamos à premiação para conversar não apenas com um, mas com todos os finalistas da categoria dedicada a ETFs.

São profissionais com trajetórias diversas, atuando em cinco escritórios distintos no Brasil, mas que, no dia a dia, veem o potencial dos ETFs nas estratégias construídas para seus clientes.

Confira os três principais tópicos que guiaram a conversa com eles.

O que ainda separa o brasileiro do ETF?

O primeiro ETF brasileiro, o PIBB11, foi criado há mais de 20 anos. E como é possível acompanhar, a indústria de gestoras brasileiras está em um momento inédito em número de lançamentos em 2025.

Mesmo assim, as principais dúvidas que separam o investidor brasileiro dos fundos negociados na bolsa são aquelas que muitos já consideram respondidas.

Segundo Arthur Oliveira Vargas, da JB3 Investimentos, “a principal dúvida sobre os ETFs está na própria estrutura e forma de negociação. Como são listados em bolsa, muitos clientes têm dificuldade de enxergar os ETFs como um fundo de investimento e acabam associando o tipo de negociação a maior risco.”

A desconfiança de quem está conhecendo os ETFs é algo que Fernando Kobuti, da Blue3, também observa: “quando os investidores descobrem que não precisam fazer stock picking e nem perder tempo tentando prever o mercado, acham que é ‘bom demais pra ser verdade’.”

Indo mais fundo, confunde também o investidor algumas questões práticas, como a noção de liquidez. “Como a liquidez funciona? Será que vou conseguir entrar e sair facilmente desse investimento? São essas as perguntas mais comuns para quem está começando”, complementa Anderson Moreira, assessor indicado que atua na Invés. Para ele, aqui se torna essencial explicar as camadas de liquidez de um ETF e o papel do formador de mercado.

Investidor de ETFs lá fora… Mas stock picker em casa?

Um dos principais aspectos que jogam a favor do investimento em ETFs é a diversificação global.

Kelton Vieira, planejador e assessor na Petrópolis Invest, inclusive vê que os ETFs internacionais tendem a ser o primeiro passo de muitos investidores: “no geral, o cliente iniciante tende a começar pelos [ETFs] internacionais, principalmente pela busca de diversificação cambial e exposição a economias mais consolidadas.”

Matheus Caleffi, sócio da Origem Invest, compartilha a mesma impressão, explicando que a atratividade maior desses ETFs se dá porque “são uma excelente ferramenta para iniciar a diversificação internacional, sem a necessidade de se expor aos riscos de ações específicas, e sim a movimentos macroeconômicos mais amplos.”

Mas e dentro de casa?

Analisando nossas conversas com os assessores, vemos que o brasileiro talvez ainda esteja apegado a formas mais populares de investir, mesmo que elas não sejam as mais eficazes: “no mercado brasileiro, muito influenciado pelo home bias, o investidor ainda tende a buscar gestão ativa”, comenta Arthur.

No caminho, há também a herança do stock picking.

“Você vê o cliente já informado sobre ETFs estrangeiros como SPY, VOO, IVV, então investir em ETFs para dolarizar já é algo presente. Mas, apesar da maior adoção a ETFs locais, nos investimentos locais, ainda há um comportamento de stock picking, motivado por diferentes fontes, como influenciadores. O brasileiro segue muito apegado ao investimento direto em ações.” — Anderson Moreira

O que falta para os ETFs decolarem de vez no Brasil

Já que conversamos com cinco entusiastas de ETFs, investimentos que têm sido tema de quase 60 edições da tudoETF há mais de um ano, fizemos uma pergunta que sempre discutimos ao falar com o mercado: o que vai catalisar a popularização dos fundos negociados na bolsa por aqui?

“O Brasil vem avançando em educação financeira, mas ainda estamos longe de consolidar uma cultura de investimentos no país”: para Matheus, um novo capítulo na educação precisa ser escrito, no qual “as pessoas passarão a compreender melhor as vantagens [dos ETFs] para investir em índices que permitem capturar a rentabilidade de mercados e de segmentos como um todo.”

A educação também é a principal aposta de Kelton, que vê como fio condutor a facilidade trazida pelo instrumento: “o ponto decisivo será quando o público perceber que ETF é uma forma prática de construir patrimônio de longo prazo com consistência.”

O recado, aliás, vale até para o assessor: “quando você não conhece um produto, você não usa. Isso passa pelo conhecimento do investidor e também do profissional de investimentos”, comenta Anderson.

Embora seja o foco, a educação não apareceu como o único catalisador de crescimento para a indústria. Entre as respostas, vem à tona a mudança no modelo de remuneração dos profissionais e o foco cada vez mais essencial para o alinhamento de interesses.

“Quando profissionais e investidores passarem a compreender o verdadeiro propósito dos ETFs (simples, eficientes e alinhados) o crescimento será inevitável. Hoje, poucos assessores usam ETFs até nas próprias carteiras, o que mostra o quanto ainda há espaço para evolução.” — Fernando Kobuti

Segundo Arthur, “a partir do momento em que o conflito gerado pelo comissionamento deixa de existir, as decisões de alocação mudam e passam a priorizar aquilo que de fato funciona para o cliente. Nesse cenário, os ETFs se destacam naturalmente por oferecer simplicidade, baixo custo e alta eficiência na construção de portfólios.”

Conheça os entrevistados

➡️ Anderson Moreira, CEA, da Invés, é assessor há dois anos, depois de fazer uma transição de carreira. Com formação e mestrado em Química pela UFRJ e passagem pela Petrobras, está no mercado financeiro há dois anos, dedicando-se também a iniciativas de educação: além de ter criado o podcast Camisa 11 e o canal A Hora do Investimento, é professor para outros profissionais conquistarem suas certificações no mercado financeiro.

➡️ Arthur Oliveira Vargas, CGA, atua há quatro anos como assessor de investimentos na JB3 Investimentos. Tem como propósito oferecer um serviço completo, avaliando os pilares essenciais de um bom planejamento financeiro e buscando o alinhamento via fee fixo. Em suas alocações, utiliza amplamente ETFs e incentiva a construção de estratégias com esses ativos entre colegas e clientes.

➡️ Fernando Kobuti, CFP®, da Blue3, é assessor credenciado pela XP desde 2017, com atuação focada no modelo fee-based e na gestão passiva/indexada via ETFs e previdência. Em 2024, migrou 100% da própria carteira para a filosofia passiva e indexada, registrando cada etapa em seu canal do YouTube. É criador do podcast Stop Loss Talks.

➡️ Kelton Vieira, CFP®, da Petrópolis Invest, atua há oito anos no mercado financeiro. Sua trajetória como assessor nasceu da paixão por investimentos e pelo propósito de ajudar pessoas a alcançarem seus objetivos financeiros com planejamento e disciplina. Como Head de Fundos Alternativos, liderou a mesa da Petrópolis Invest, eleita a 5ª melhor do país no XP Awards 2023-2024.

➡️ Matheus Caleffi é sócio e assessor da Origem Invest, além de COO e Investment Advisor da Origem International, RIA do Grupo Origem nos Estados Unidos. Com cerca de quatro anos de atuação no mercado, foi reconhecido como 3º Melhor Assessor Private e 3º Melhor Assessor do Safra Invest, e recebeu o prêmio Best Wealth Manager (Citywire).

As entrevistas e o conteúdo foram desenvolvidos pela tudoETF de forma independente, sem relação direta com o prêmio ABAI 2025. Se você quiser saber mais sobre a premiação e as votações, clique aqui.